Programa de Atenção ao Desenvolvimento Infantil em Creches

Sobre a pesquisa

Esta pesquisa está dividida em quatro etapas:

ETAPA I

Esta etapa foi caracterizada pela realização de um estudo bibliométrico sobre o tema “boas práticas na primeira infância” nas bases de dados BVS e Bireme.

As expressões de busca utilizadas foram: creche e desenvolvimento infantilprogramas de crechecreche e pais; creche e famíliaeducação infantil e intersetorialidadecreche e boas práticas.

O estudo bibliométrico foi composto por 32 artigos. Os dados desta etapa forneceram elementos importantes para as etapas subsequentes da pesquisa. A figura abaixo representa uma nuvem que destaca as temáticas mais abordadas nos artigos que fizeram parte do plano amostral da pesquisa.

Como pode ser observado, quanto mais a palavra aparece no texto (no caso, as palavras-chaves reincidentes), maior ela é representada na figura: as palavras Creche, Saúde e Infantil foram às temáticas mais abordadas nos artigos, seguidas pelas temáticas do Desenvolvimento e da Educação.
As boas práticas abordadas nos artigos foram categorizadas em cinco dimensões: diagnóstico e avaliação do desenvolvimento infantil na creche foi abordada em 75% (n=24) dos artigos. Em seguida, compareceu a dimensão da formação de educadores em creche, com 47% (n=15) dos artigos e interação creche-família, com 12 artigos (38% do total). As dimensões intersetorialidade (n=10) e programas de intervenção em creche (n=6) totalizaram respectivamente 31% e 19%.
Esse breve panorama forneceu importantes elementos teóricos e metodológicos para se projetar possíveis pontos das redes de colaboração de serviços nas quais as creches estão inseridas.

 ETAPA II

 O objetivo desta etapa consistiu em identificar e selecionar os indicadores e das dimensões responsáveis pela classificação feita pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV) no município de São Carlos como “boas práticas na infância”.

Para efetivar este objetivo foi realizada análise de conteúdo de dois documentos: (1) Estratégia para qualificar a atenção à criança pequena do Programa Primeiríssima Infância da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (HARASAWA et al., 2013) e (2) Uma avaliação do impacto da qualidade da creche no desenvolvimento infantil (BARROS et al., 2011).

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Inicialmente, foi utilizado o documento: Principais resultados da avaliação final do programa primeiríssima infância da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal em São Carlos (CHIANCA, 2013), o qual apontou os indicadores avaliados em São Carlos durante a implementação do Programa Primeiríssima Infância da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.

Na sequência, foram selecionados os indicadores relacionados as boas práticas em creche. Por fim, relacionou-se o resultado obtido com os dois documentos citados acima por meio da triangulação dos três documentos.

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 Os dados revelaram a relevância e expressividade dos indicadores de boas práticas relacionado com ações de intersetorialidade. Com base nos resultados foram identificados os seguintes Núcleos Temáticos:

  • Saúde
  • Desenvolvimento
  • Família
  • Lazer
  • Infraestrutura
  • Educação

Tais núcleos tiveram a função de servir como inspiração inicial para a elaboração do roteiro de entrevista implementado na próxima etapa.

 ETAPA III

A terceira consistiu na identificação de 5% de municípios do estado de São Paulo, selecionados por meio de um plano amostral, contemplando cidades de pequeno, médio e grande porte (total de 645) para o desenvolvimento do trabalho de campo.

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 Plano Amostral

Como critério de seleção das cidades, utilizou-se o Índice de Responsabilidade Social Paulista (IRSP). Por meio desse índice, as 645 cidades do estado de SP estão classificadas em 5 grupos.

Para escolha dos municípios participantes da pesquisa, foi utilizada uma das 3 dimensões que compõem o IPRS: Logevidade, Riqueza e Escolaridade. Dessa forma foi optou-se por selecionar o nível de escolaridade de crianças na faixa entre 4 à 5 anos. Na sequência foram escolhidas as cidades que apresentavam 100% na dimensão Escolaridade. Foram selecionadas 5% de cidades do total de cada grupo para realizar a pesquisa de campo, ou seja, o plano amostral desta pesquisa foi constituído por 32 municípios.

Assim, foram realizadas entrevistas em 15 regiões administrativas.

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O plano amostral ficou constituído pelos 32 municípios: Paulicéia, Lindóia, Louveira, Vinhedo, São Sebastião, Serra Negra, Sarapuí, Analândia, Orindiúva, Estrela do Norte, Guaimbê, Echaporã, Matão, Santa Ernestina, Nova Europa, Paranapuã, Turmalina, Águas de São Pedro, Cerquilho, Taguaí, Espiríto Santo do Turvo, Borebi, Águas de Lindóia, Dumont, Pontalinda, União Paulista, Ubatuba, Ituverava, Anhumas, Nova Independência, Pradópolis e Piacatu.

Buscou-se testar as seguintes hipóteses a partir das entrevistas realizadas com os diretores das creches.

  • Creches funcionam melhor quando os dirigentes:

(H1) podem contar com redes de colaboração extensas;

(H2) têm possibilidades de estabelecer conexões adequadas entre os apoios;

(H3) têm clareza das situações previsíveis e operam em níveis diferentes das situações com menor previsibilidade de atuação;

(H4) trabalham sob contratos claros com seus parceiros;

(h5) investem na capacitação de professores para a integralidade do cuidado.

O diretor da creche foi eleito como o sujeito/participante a ser “ouvido”.  As redes de serviço e colaboração com suas características foram definidas como os objetos a serem investigados e, por fim as Práticas Cotidianas envolvendo a família, o educadores e a própria criança foram os temas explorados nas entrevistas.

 ETAPA IV

A partir da análise dos dados da Etapa III, foi realizada uma descrição e sistematização das experiências e dados encontrados, comparando e unindo os referenciais de boas práticas encontrados na cidade de São Carlos e nos demais municípios do estado de São Paulo. Destacaram-se nesta análise:

  1. Os indicadores referentes ao programa de atenção às crianças nas creches;
  2. Boas práticas relativas ao vínculo e a comunicação com pais;
  3. Boas práticas relativas às integrações entre serviços: ex. creche, saúde e demais serviços da comunidade.

etapa iv

Os resultados apontaram:

  • Presença de 75 pontos de rede de colaboração nos 32 municípios com distintas parcerias de serviços, ora contando com redes mais extensas, ora mais curtas.
  • A intersetorialidade advir dos campos da educação, saúde e do social.
  • Identificação de equipamentos municipais para ações de infraestrutura bem como a presença de diversos programas governamentais oriundos da esfera federal.
  • O desenvolvimento infantil presente de forma intensa na esfera da educação e da saúde.

SUGESTÕES PARA BOAS PRÁTICAS EM CRECHES

 

 

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Fonte: MARTINEZ, 2015. Programas de atenção ao desenvolvimento infantil em creches: Identificação e difusão das “boas práticas” no estado de São Paulo. Relatório Científico FAPESP.